Dificuldade de relacionamento pode ser sinal de Asperger

Dificuldade de relacionamento pode ser sinal de Asperger


Este é um síndrome que não se diagnostica em exames, mas por observação do indivíduo em contextos sociais. Afeta uma em cada 200 pessoa e pode levar a outras doenças psiquiátricas.

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Em poucas palavras, o síndrome de Asperger pode ser definido como “uma perturbação que afeta o desenvolvimento das capacidades de comunicação e de relacionamento de uma pessoa”. É assim que Ana Machado explica este sintoma que foi assinalado internacionalmente ontem, 18 de fevereiro.


A psiquiatra da UPPC (Unidade Psiquiátrica Privada de Coimbra) esclarece ao Notícias ao Minuto que esta perturbação surge principalmente em homens e é normalmente detetada na infância, quando o indivíduo começa a apresentar dificuldades em se relacionar com os outros e a praticar comportamento repetitivos que afeta o seu dia a dia.

Estes obstáculos de interação perturbam possíveis ligações afetivas tanto de amizade como conjugais, já que quem sofre de Asperger tem dificuldade em “interpretar comportamentos não verbais” como expressões faciais, gestos ou modulação do discurso, bem como “colocar-se no lugar do outro”, aponta a especialista. Algo que se nota pela sua incapacidade de “distinguir quando alguém está a falar a sério ou a brincar, e a pouca facilidade em entender quando é a sua vez de falar numa conversa social”, esclarece.

Quem sofre de Asperger tem dificuldade em “interpretar comportamentos não verbais"A par destes aspetos, os indivíduos com síndrome de Asperger têm interesses restritos e preferem rotinas rígidas que, quando não são seguidas, podem levar a explosões de raiva, por exemplo - episódios comuns quando as crianças começam a frequentar a escola ou creche, onde são obrigadas a interagir e mudar a sua rotina. É normalmente nesta fase que os pais notam que a criança tem um comportamento fora do comum.

Quando os sintomas são mais ligeiros, por sua vez, “o diagnóstico pode ser feito apenas na vida adulta”, refere Ana Machado, que aponta etapas de vida de grande importância para o indivíduo, como “fim do ensino secundário, primeiro emprego ou morte dos pais”.

Seja em que idade for, “não existem exames que diagnostiquem a síndrome de Asperger. A sua identificação é feita através de uma cuidadosa avaliação por profissionais treinados na área”, como refere a psiquiatra, que alerta para a importância de um diagnóstico atempado, como forma de “planear um acompanhamento adequado na escola, no trabalho e família”.

É frequente a probabilidade de apresentar outras doenças psiquiátricas.É com este acompanhamento que se consegue “promover ao máximo as potencialidades da pessoa”, uma vez que quem sofre desta perturbação é muito sensível aos estímulos como sons fortes, toque, luz ou cheiros intensos. Ainda, “é frequente a inaptidão para atividades físicas e défices de coordenação motora”, bem como a probabilidade de apresentar outras doenças psiquiátricas tais comohiperatividade e défice de atenção, ansiedade e depressão” - doenças que podem ser tratadas simultaneamente.


Espaços como a Unidade Psiquiátrica a que Ana Machado pertence tratam este síndrome através de um programa de treino especializado que se baseia em “estratégias de comunicação, leitura de expressões emocionais e modulação do contato visual e tom de voz”. A participação da família neste plano de intervenção é também fundamental para se “criar um ambiente facilitador da integração do doente no dia-a-dia”, refere a especialista.




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